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O poder oculto do Jazz I

por: Roger Morneau

De tudo o que ele nos disse, uma frase ficou gravada em minha mente.

– George, você poderia esclarecer a pergunta que nos fez, poucos momentos atrás: ‘Há quanto tempo vocês estão pretendendo entrar em comunicação com os mortos?’ O que quis dizer com o verbo ‘pretender’?

Ele sorriu, olhou para o seu relógio e disse:

– É muito tarde para explicar isso hoje, mas deixem-me dizer o seguinte: vocês não têm mantido conversa com os mortos.

E voltou a falar de seu sucesso pessoal.

– Vejam bem, por muitos anos, eu parecia ser um fracasso, tentando organizar e manter a minha própria banda de 'jazz'. Então, tive a sorte de conhecer o culto aos demônios e, através desse grande poder, tenho obtido tudo o que sempre desejei. É claro que tive que aprender a fazer certos rituais antes que os espíritos começassem a trabalhar em meu favor.

Seu rosto se iluminou com um grande sorriso.

– Daquele dia em diante, o sucesso foi instantâneo para mim e para minha banda. O reconhecimento veio da noite para o dia. Sem nenhum esforço de nossa parte, nós fomos descobertos (apesar de termos estado ali o tempo todo) e aclamados como uma das grandes bandas em nosso gênero musical. Por alguma razão, todos os repórteres ficaram entusiasmados conosco. Nós nos tornamos o assunto da cidade. As mais importantes personalidades do mundo do rádio comentavam a nosso respeito e, em pouco tempo, nós alcançamos o topo.

George tomou mais um gole de seu copo, puxou mais uma tragada de seu cigarro e continuou:

– Nós temos estado em constante demanda desde então. O dinheiro só vai entrando. Nossos preços são os mais altos na indústria fonográfica. As pessoas gostam de dançar ao som da nossa música. Na realidade, os espíritos tomam conta de nós; em outras palavras, eles se apossam de nós e nos dão energia, e nós repassamos essa influência para o público. Eles gostam do que recebem e sempre voltam para buscar mais da mesma coisa.

Reclinando-se e acendendo mais um cigarro, ele começou a rir e disse:

– Vocês vão gostar desta. Há um mês, fui entrevistado num programa de rádio e me diverti muito. Seis das mais altas personalidades do mundo do rádio de Montreal e de Toronto, conversavam comigo. Tudo o que eu dizia parecia fasciná-los. Até eu ficava admirado com as minhas respostas improvisadas. Eu nunca havia sido tão sagaz. Gostei muito da atenção que me deram. Quase chegou a um estado de adoração. E mais, estavam o tempo todo tentando me decifrar. E quando nos despedimos, ainda não haviam conseguido.

Olhando mais uma vez para o relógio, ele disse:

– Companheiros, está ficando muito tarde. Que tal irmos para casa?

Enquanto esperava pela conta, George comentou:

– Esse meu sucesso é fácil de entender, uma vez que a pessoa compreenda o enorme poder dos espíritos e o processo envolvido em fazer com que esse poder funcione em favor de si mesmo.

Admirados com tudo o que ele nos contou, Roland e eu, pedimos que ele nos contasse mais a caminho de casa.


"Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol." Eclesiastes 9:5 e 6

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